quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Curso de Meliponicultura e participação programada na Caminhada da Colheita edição 2011/2012 são as duas novidades disponíveis no site da Meliponina.


Curso de Meliponicultura e participação programada na Caminhada da Colheita edição 2011/2012 são as duas novidades disponíveis no site da Meliponina. Confira:

http://www.meliponina.com.br/



Acerca de nós


Originário de um longo processo de articulação comunitária, a Meliponina veio como uma solução rápida para atender uma demanda de mercado de comunidades rurais enquanto o processo de consolidação de uma cooperativa não se finalize.

Quem dirige

A Meliponina é uma empresa privada, cujos sócios são gestores do Projeto Abelhas Nativas, e se estabeleceu a partir de uma concordância entre os gestores do projeto e os produtores.

Pessoas

Embora seja uma empresa privada, a Meliponina é constituida de pessoas que lutam por um senso comum de justiça social, acesso livre ao mercado, sustentabilidade socioambiental, comércio justo. A empresa não visa o lucro, mas a garantia da sustentabilidade de processos produtivos baseado nas abelhas nativas.em ferrão.

Meliponina

Esta é a marca empresarial dos méis de abelhas nativas sem ferrão produzidos por comunidades do Cerrado maranhense, cujo trabalho vem sendo desenvolvido em parceria com a Associação Maranhense para Conservação da Natureza (Amavida). A Amavida é uma organização voltada para a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais, que desde 2001 desenvolve o Projeto Abelhas Nativas (PAN) em parceria com a Universidade Federal do Maranhão (UFMA), apoiada pelo Instituto Abelhas Nativas (IAN). O principal objetivo do Projeto é gerar renda para comunidades rurais com o uso e a conservação da biodiversidade nativa, em especial por meio da criação de abelhas sem ferrão.

A produção de mel das abelhas tiúba, uruçú e jandaíra constitui importante fonte de renda para as 180 famílias diretamente engajadas no projeto, que envolve dez comunidades rurais localizadas no entorno dos Lençóis Maranhenses, e cuja tecnologia de produção garante um mel diferenciado, maturado e envelhecido por, no mínimo, 1 ano, quando recebe como denominação de origem o nome de natmel. Além dessas famílias, diversos outros produtores de mel comercializam seus produtos com esta marca, com o compromisso de cumprirem requisitos para a boa qualidade do mel e para a conservação e a recuperação dos ecossistemas. O sucesso do empreendimento faz com que as atividades estejam se expandindo para outras comunidades e estimula o desenvolvimento de linhas de produtos, como o extrato de própolis, o pólen desidratado a frio, o composto de mel com pólen, entre outros .

As abelhas nativas polinizam diversas espécies vegetais nativas, auxiliando a recomposição dos ecossistemas, além de contribuírem com a segurança alimentar e a qualidade de vida. Como reconhecimento por este trabalho, o Projeto Abelhas Nativas conquistou os seguintes prêmios: a) Prêmio Ambiental Von Martius - Categoria Natureza, 2o. lugar (2003), b) 9o. Prêmio Ford Motor Company de Conservação Ambiental - Categoria Negócios em Conservação (2004) e c) Melhores Práticas Ambientais do Nordeste -Categoria Universidade (2006).

sábado, 13 de agosto de 2011

A criação de abelhas nativas como opção na geração de renda para a comunidade local na reserva extrativista do Delta do Parnaíba.

Ricardo Costa Rodrigues de Camargo

Pesquisador da Embrapa Meio-Norte
No Brasil, existem mais de 300 espécies de abelhas sem ferrão, distribuídas por todo o território brasileiro, e em grande parte de toda a faixa tropical e subtropical do planeta. Encontramos meliponídeos nas Américas desde o norte do México até a região central da Argentina.

Sua criação, denominada de meliponicultura, favorece a preservação das plantas nativas, devido à polinização das flores pelas campeiras, abelhas coletoras, além da produção de um mel diferenciado e com características próprias. Ao se movimentarem sobre as flores em busca do pólen, as abelhas promovem a fertilização das plantas, assegurando a sua multiplicação e perpetuação. Seus criadores colhem, indiretamente, os efeitos da polinização: maiores e melhores frutos e sementes, e a produção do mel das colônias, conseqüente desta atividade de coleta.
Além da importância das abelhas nativas na manutenção dos diversos ecossistemas, uma vez que existe um processo evolutivo atrelado e dependente da presença dessas abelhas para a reprodução de diversas espécies vegetais, inúmeras espécies de abelhas sem ferrão existentes no Brasil, apresentam enorme potencial para a produção de mel, como as espécies conhecidas popularmente como tiúba, jandaíra, uruçu, etc.

Apesar do seu potencial produtivo, essas espécies ainda são pouco exploradas comercialmente, considerando seu enorme potencial de criação. Embora a sua capacidade produtiva não possa ser comparada com a produção de mel das abelhas africanizadas, seu mel apresenta maior valor agregado, além da possibilidade de sua criação poder ocorrer próximo das moradias e permitir a participação de todos os membros do módulo familiar, como jovens e mulheres, uma vez que essas abelhas por não apresentarem ferrão, apresentam um grau de periculosidade menor, se comparado com o das abelhas africanizadas.

Os ecossistemas brasileiros possuem muitas características que favorecem a criação das abelhas, como é o caso dos manguezais. Dentre algumas características, podem-se destacar: clima quente; flora rica em espécies fornecedoras de néctar, pólen e resina; floração mais distribuída ao longo do ano e a presença natural de inúmeras espécies de abelhas sem ferrão.

Embora, esse ecossistema apresente inúmeras características favoráveis à criação de abelhas, praticamente não existem estudos que visem à avaliação do seu potencial florístico, como pasto para as abelhas produtoras de mel.

A meliponicultura se enquadra perfeitamente dentro dos conceitos de diversificação e utilização sustentável dos recursos naturais, pois é uma atividade que pode ser integrada ao manejo florestal, plantio de fruteiras e/ou culturas de ciclo curto e, em muitos casos, pode contribuir no aumento da produção agrícola. É uma atividade que necessita de pouco investimento inicial e pode ser desenvolvida em pequenas propriedades rurais, além de permitir que o agricultor ou pescador familiar mantenha suas outras atividades já estabelecidas culturalmente, tendo na nova atividade um complemento de sua renda familiar.

Nas áreas de mangues existentes nas ilhas que formam o único delta em mar aberto das Américas, as populações locais já vêem explorando as abelhas nativas, embora de modo extrativista e predatório.

Por sua natureza palustre, impeditiva da ocupação humana, durante séculos este ambiente permaneceu relativamente preservado. Entretanto, vem sofrendo agressões pela exploração predatória, através de coleta e captura excessiva de caranguejos, moluscos e pescado, da extração da madeira para uso energético, para obtenção de tanino e material de construção, e do desmatamento para o cultivo de arroz e instalação de salinas.

A vegetação de mangue, apesar de se constituir num santuário ecológico, vem sendo dizimada gradativamente. Inicialmente, cedeu parte para a instalação de salinas e, atualmente, vem sendo cortada para instalação de roças de arroz, criação extensiva de gado e para a criação intensiva de camarão. Outra pressão que a vegetação do mangue vem sofrendo está relacionada com a atuação dos chamados "meleiros". As árvores com ninhos de abelhas são cortadas, sendo a parte do tronco onde se encontra o ninho levado para a comunidade, onde o mel será usado na fabricação de remédios e garrafadas, utilizadas para a cura de inúmeras enfermidades. Entretanto, na maioria dos casos, apenas a colônia é saqueada para a retirada do mel. Essa prática predatória apresenta um impacto negativo muito grande no ecossistema, uma vez que pela falta de conhecimentos, para a retirada do mel ou mesmo da colônia, as árvores com abelhas são cortadas, e muitas vezes as próprias abelhas morrem, pois, na ânsia de se coletar o mel, são retirados seus discos de crias, sendo simplesmente eliminados, em um verdadeiro saque predatório.

A prática dos "meleiros" pode causar danos irreversíveis na manutenção de inúmeras espécies, pois, diferentemente das abelhas africanizadas que dispõem de aparato defensivo muito eficiente e forte característica enxameatória, as abelhas sem ferrão se mostram muito mais vulneráveis a essa prática predatória, além de apresentarem uma condição de se recuperar após um saque, muitas vezes inferior ao das abelhas africanizadas.

Como resultado esperado do plano de gestão e diagnóstico sócio-econômico da APA do Delta do Parnaíba, sugere-se no programa: Manejo Sustentável, a implementação de atividades economicamente viáveis e sustentáveis, de geração de emprego e renda. Sendo assim, a exploração racional dos recursos naturais, por meio da prática da meliponicultura, se enquadra nos requisitos exigidos para as atividades exercidas em unidades de conservação como é o caso da Reserva Extrativista, RESEX do Delta do Parnaíba.

Nesse sentido, A Embrapa Meio-Norte por meio do Núcleo de Pesquisas com Abelhas - NUPA vem desenvolvendo um projeto de pesquisa, com o apoio financeiro do Banco do Nordeste, por meio do Fundeci, intitulado "Manejo Sustentável de Abelhas Nativas em Área de Resex no Delta do Parnaíba" visando preencher essa lacuna na geração de informações necessárias para a criação de abelhas nativas em manejo racional e sustentável, visando a disponibilização dessa tecnologia para a comunidade local, principalmente para os catadores de caranguejo, como opção de atividade para a geração de renda e consequentemente para a melhoria de suas condições de vida.

Esse projeto tem como um dos objetivos principais o levantamento da flora visitada por essas abelhas e que serve de base para a produção de mel. A identificação e classificação dessa flora específica, assim como a caracterização de seus tipos polínicos servirão de subsídio, juntamente com a análise físico-química dos méis produzidos ao longo do ano, para a devida caracterização desse mel, como forma de agregar valor ao produto final, que terá sua produção e extração devidamente orientada, conforme os preceitos das boas práticas de higiene alimentar. Além desses aspectos a serem estudados, está sendo conduzida também à avaliação de diferentes modelos racionais de colméias quanto ao desenvolvimento das abelhas e sua produção de mel. O projeto conta com a parceria técnica da Universidade Estadual do Piauí e da Universidade Federal de Pernambuco, além do apoio logístico do IBAMA.

O projeto completou um ano de execução e já conta com diversos meliponários já instalados, com um montante de aproximadamente 100 colméias entre 10 famílias envolvidas na criação dessas abelhas.

Fonte: http://www.cpamn.embrapa.br/apicultura/abelhaNoDelta.php

sábado, 16 de abril de 2011

Pelo direito ao trabalho associado e a uma Economia Solidária - BASE LOCAL: SETE LAGOAS, MG

Cada dia cresce mais a quantidade de pessoas no Brasil que decidem se unir para praticar a Economia Solidária, em contraposição ao atual modelo econômico baseado na competição e na acumulação do capital por poucas corporações.


Estas pessoas encontram, entretanto, enormes dificuldades de viver da Economia Solidára, ainda mais se comparamos às empresas convencionais. Isso acontece por não haver um reconhecimento, do Estado Brasileiro, do direito ao trabalho associado e a formas organizativas baseadas na Economia Solidária.

Um passo fundamental para este reconhecimento é a criação de uma proposta de Lei que cria a Política Nacional de Economia Solidária, além do Sistema e o Fundo Nacionais de Economia Solidária.

Por isso, o Conselho Nacional de Economia Solidária, com participação de representantes de vários setores da sociedade civil e do governo, elaborou esta proposta de Lei.

A sociedade civil tomou a iniciativa, então, de lançar a campanha de coleta de assinaturas para conseguirmos aprovar esta proposta como um Projeto de Lei de Iniciativa Popular.

Precisamos de toda a mobilização possível em cada bairro, comunidade e cidade para conseguirmos a assinatura de 1% do eleitorado brasileiro, o que significa uma meta de aproximadamente um milhão e trezentas mil assinaturas!

Temos aproximadamente 1 ano para essa mobilização nacional!

Participe da coleta de assinaturas!


Só pode assinar quem é eleitora ou eleitor. E a assinatura só é válida se a pessoa inserir todos os dados: nome completo, endereço, título de eleitor, zona e seção eleitoral, além da assinatura ou impressão digital conforme consta no título de eleitor.

Caso a pessoa não tenha em mãos o título de eleitor, pode escrever a lápis o nome da mãe para que o comitê local resgate no TSE o número do título. A página para conseguir o título de eleitor através do nome da mãe e data de nascimento é a seguinte:

www.tse.gov.br/sadEleicaoConsultaLocal/aplic/consulta/consultaNome.jsp

A meta de assinaturas por estado é de 1% do eleitoral. Para saber qual a meta do seu estado, veja a lista ao final desta página.

Atenção: Cada folha deve ter assinaturas apenas de um estado. Portanto, se você estiver coletando assinaturas em algum evento nacional, terá que ter em mãos várias folhas, uma por estado.

Toda folha de assinaturas tem que ter o cabeçalho exatamente como consta no verso desta página, para ter validade legal.

Sugestão: Para economizar papel, a impressão das assinaturas pode ser feita em frente e verso. Com isso reduzimos o uso de papel pela metade!

Baixe o formulário para imprimir e coletar assinaturas aqui!

Formulário de coleta de assinaturas: www.fbes.org.br/?option=com_docman&task=doc_download&gid=1130

Texto da Proposta de Lei: www.fbes.org.br/?option=com_docman&task=doc_download&gid=1131

Onde entregar

Sugerimos a articulação com o Fórum de Economia Solidária mais perto de você. Os contatos dos Fóruns Estaduais e Microrregionais de Economia Solidária no Brasil podem ser acessados pela internet na página

http://www.fbes.org.br/

As folhas assinadas devem ser enviadas à secretaria do Fórum Brasileiro de Economia Solidária (FBES), no seguinte endereço:

SCS Quadra 6 Bloco A - Edifício Arnaldo Villares, sala 514

Brasília/DF – 70.324-900

Em breve, o Fórum Brasileiro de Economia Solidária vai implantar comitês locais de coleta da assinatura através dos Fóruns Locais de Economia Solidária.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

"A lógica que superexplora o planeta produz também a miséria e a fome".

Sustentável sim, mas para quem? (*)


O planeta não é um enorme armazém de recursos infinitos, por um lado, e uma enorme lixeira capaz de absorver indefinidamente os nossos restos, por outro. O atual modelo de desenvolvimento tem usado o planeta além de sua capacidade de suporte, e o colapso dos sistemas vivos e os seus sinais já são visíveis por todo o lado, como o aquecimento global, a perda maciça de florestas e biodiversidade, etc. Como um lado diferente da mesma moeda, milhões de nossos semelhantes estão condenados a uma vida de sofrimento, fome e miséria.

O que se percebe é que a mesma lógica que superexplora o planeta produz também a miséria e a fome. Não basta defender um desenvolvimento ambientalmente sustentável sem perguntar: sustentável para quem? Para os ricos? É fundamental que além de ambientalmente sustentável, esse novo modelo de desenvolvimento seja também justo na distribuição da renda e qualidade de vida para todos.

Por trás deste modelo insustentável não está a falta de informação ou de conhecimento científico, muito menos a exigência de atender as necessidades básicas da humanidade. Só o que se gasta em armamentos hoje no mundo seria mais do que suficiente para dar casa, comida e uma vida digna a todo ser humano neste planeta. Por trás dessa forma de vida existem valores egoístas, materialistas, mesquinhos onde o que importa é acumular mais e mais poder e lucros crescentes.

E pouco adiantará exibir números sobre os impactos negativos e as conseqüências dessa ação humana sobre o planeta, pois, ao contrário de estimular uma revisão de valores, só servirá para tornar os materialistas e egoístas ainda mais afoitos em sua corrida por acumular mais bens e poder antes que os recursos que restam se esgotem ou o meio ambiente se contamine demais. Para esse tipo de gente o mundo se divide entre vencedores por um lado e perdedores por outro, uma espécie de seleção natural da espécie, onde vencem os mais aptos. É mais ou menos como aquele sujeito que, ao ser informado sobre a necessidade de economizar água pois ela pode acabar, trata logo de beber e estocar o máximo que puder antes dos outros.

Seria muito cômodo acreditar que só os donos do poder econômico e político são egoístas, materialistas e hipócritas. Na verdade, cada um de nós que coloca sua idéia de felicidade, sucesso, prestígio ou reconhecimento social no acúmulo de bens e dinheiro reforça esse modelo. Quantas vezes ouvimos pessoas medindo o sucesso e a felicidade de alguém pelo novo carro ou iate, a viagem ao exterior, a construção de uma piscina, o tamanho dos lucros num determinado período, a operação plástica, etc.

Basta passarmos alguns minutos diante da televisão para ver defeitos humanos que deveríamos estar nos esforçando para combater, como inveja, orgulho, cobiça, avareza, luxúria, gula, preguiça, serem elevados à estatura de virtudes a serem alcançadas. Estas são as bases de uma sociedade materialista, consumista e individualista que gera esgotamento dos recursos naturais e poluição do planeta, por um lado, e injustiça social e concentração de renda, por outro.

Por trás de nossos problemas ambientais, não estão apenas a ação de poluidores, o desmantelamento dos órgãos públicos de controle ambiental, ou a falta de consciência ambiental, mas também um tipo de atitudes e valores, que julga natural explorar ao meio ambiente e ao nossos semelhantes só para acumular lucros crescentes, só se importante a nível do discurso com as agressões ambientais e problemas sociais que gera. Logo, não basta exigir mudança de comportamento de empresas e governos. Precisamos ser capazes de enfrentar a nós próprios, pois não haverá planeta suficiente capaz de suprir as necessidades de quem acha que a felicidade e o sucesso está na posse de cada vez mais bens materiais.

Também reforçamos esse modelo insustentável quando aprovamos a idéia de que o mercado será capaz de prover o bem estar e a qualidade de vida para todos e, conseqüentemente, o ideal é um tipo de governo mínimo, que interfira o mínimo possível e, melhor ainda, que esteja ao lado do mercado auxiliando no seu avanço sobre o que é de todos, transformando a água, a biodiversidade, os genes de nosso próprio corpo e dos alimentos, em mercadorias.

Para a grande maioria dos pobres e miseráveis que sonharam com o mundo de maravilhas e riquezas prometidas pelos donos do poder e do dinheiro nos países chamados desenvolvidos é muito duro descobrir que o sonho é só um sonho, que jamais será realidade, pois seriam precisos uns três Planetas Terra de recursos.

Como última esperança precisamos confiar no forte instinto de sobrevivência de nossa espécie. Antes, só quem sofria eram os que não tinham acesso ao poder e à riqueza. Agora, com a destruição crescente dos sistemas vitais a nível global, os poderosos também começam a ver ameaçados as suas conquistas.

Afinal, de que adiantará acumular um tesouro em bens e dinheiro, mas não ter um ar ou uma água limpa para respirar. Cada vez mais as pessoas esto percebendo que, ao contrário do planeta parecer uma laranja que podemos jogar o bagaço fora depois de chupada, o planeta é um barco, onde uns poucos privilegiados podem estar viajando na primeira classe, mas estamos todos juntos no mesmo destino.

Tem gente que acha mais fácil ficar reclamando que ninguém ajuda, mas não se pergunta se está fazendo a sua parte em defesa do Planeta. Para conseguir convencer os outros a modificarem seus hábitos, precisamos modificar os nossos primeiro. Se queremos um planeta preservado, de verdade, não basta apenas lutar contra poluidores e depredadores. É preciso também nos esforçarmos para mudar nossos valores consumistas, hábitos e comportamentos que provocam poluição, atitudes predatórias com os animais, as plantas e o meio ambiente.

Mas só isso não basta, pois não há coerência em quem ama os animais e as plantas mas explora, humilha, discrimina, odeia seus semelhantes. Por isso, precisamos, além de agirmos corretamente com o meio ambiente, nos esforçarmos para sermos mais fraternos, democráticos, justos e pacíficos com os nossos semelhantes.

Confúcio disse, há mais de 5 mil anos, que se alguém quisesse mudar o mundo, teria de começar por si próprio, pois mudando a si próprio, sua casa mudaria. Mudando sua casa, a rua mudaria. Mudando a rua, o bairro mudaria. Mudando o bairro, mudaria o município e assim por diante, até mudar o mundo.

O atual modelo predatório e injusto sobreviverá enquanto nossa idéia de felicidade for baseada na posse de bens materiais e na acumulação de riquezas, enquanto ter for mais importante que ser. Então, se pretendemos que os poderosos do mundo mudem, precisamos também saber se estamos mudando a nós próprios, para não continuarmos a criar poderosos com nossos falsos sonhos e perspectivas de felicidade.

(*)Vilmar Sidnei Demamam Berna é escritor e jornalista, fundou a Rede Brasileira de Informação Ambiental (Rebia) e edita deste janeiro de 1996 a Revista do Meio Ambiente (que substituiu o Jornal do Meio Ambiente) e o Portal do Meio Ambiente. Em 1999, recebeu no Japão o Prêmio Global 500 da ONU Para o Meio Ambiente e, em 2003, o Prêmio Verde das Américas.

Entre em Contato
Vilmar Sidnei Demamam Berna
sites: http://escritorvilmarberna.com.br e www.portaldomeioambiente.org.br.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Ambientalistas pedem mudanças no Código Florestal, e governo vê "consenso possível" próximo

São Paulo – Trinta organizações ambientais e de trabalhadores do campo entregaram nesta quinta-feira (7) ao presidente da Câmara, Marco Maia (PT-SP), uma lista de propostas de alterações ao projeto do Código Florestal, em análise na Casa. Por outro lado, o ministro da Agricultura, Wagner Rossi, disse o governo está chegando ao "consenso possível" em relação às mudanças no texto.
Entre as propostas dos ambientalistas estão o tratamento diferenciado para a agricultura familiar e o fim da anistia para desmatamentos ilegais feitos em áreas de preservação permanente (APPs) até 2008. Outra proposta criticada pelo grupo – e que consta no projeto do Código Florestal – é a que reduz os atuais índices de Reserva Legal e de Preservação Permanente.
“A proposta transforma o Código Florestal em código agrícola. Não mantém o objetivo de proteção de florestas”, disse a representante do Instituto Socioambiental, Adriana Ramos. Além de entregar as reivindicações ao presidente da Câmara, o grupo fez uma manifestação no gramado em frente ao Congresso Nacional. A proposta aguarda votação na Câmara dos Deputados.
No início da semana, a ministra do Meio Ambiente, Izabela Teixeira, disse que o decreto presidencial que suspende as punições para os proprietários rurais que desrespeitaram as leis ambientais poderá ser prorrogado enquanto uma propostas de consenso em torno do Código Florestal não for construída.

Afinar posição

“Estamos muito próximos a um consenso possível e outros pontos terão que ir a voto”, afirmou Rossi. Na quarta-feira (6), houve uma reunião do ministro-chefe da Casa Civil, Antonio Palocci, o Afonso Florence, titular do Desenvolvimento Agrário, além de Rossi e Izabella Teixeira. A intenção era afinar a posição do governo sobre as mudanças no código previstas no relatório do deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP).
Após o encontro, a ministra Izabella disse que o governo continua “em processo de diálogo”. “Estamos discutindo para chegar a uma proposta que dê segurança jurídica a todos. Estamos discutindo dentro do governo e com o Congresso Nacional medidas de aprimoramento do texto [do relator]. Estamos trabalhando para chegar à melhor proposta possível”, disse a ministra.

Fonte: Portal Brasil Atual

terça-feira, 5 de abril de 2011

Grupos socioambientais movimentam-se contra pretenção do agronegócio, nas mudanças do Código Florestal.

Por: Redação da Rede Brasil Atual

São Paulo – Movimentos sociais e organizações socioambientalistas prometem para esta quinta-feira (7) um protesto em Brasília (DF) para lançar uma campanha contra o uso indiscriminado de agrotóxicos e contra as mudanças no Código Florestal. As alterações na legislação ambiental são defendidas pelo relator do projeto na Câmara dos Deputados, Aldo Rebelo (PCdoB-SP), e por representantes do agronegócio. A marcha coincide com o Dia Mundial da Saúde e é uma resposta à manifestação de ruralistas em frente ao Congresso Nacional realizada nesta terça.


Um dos objetivos da mobilização é deixar clara a posição de trabalhadores rurais e agricultores familiares contra as propostas ruralistas de alteração do Código Florestal. Como algumas entidades ligadas ao setor chegaram a defender e pedir até mais mudanças a Rebelo, os ativistas querem deixar claro que o principal interessado em abrandar a legislação é o agronegócio.

O protesto ainda selaria uma "arco de alianças" entre movimentos sociais do campo e da cidade e organizações ambientalistas em favor de uma agricultura que conviva de forma responsável com o meio ambiente.

A "Campanha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida" pretende alertar a sociedade para o uso sem critérios de defensivos agrícolas. O Brasil é o maior consumidor mundial dessas substâncias: cerca de 1 bilhão de litros foram empregados em 2009, uma média de 5 litros por habitante.

O novo modelo agrícola defendido pela campanha valorizaria a agricultura familiar com desmatamento zero e geração de trabalho e renda para a população rural. Além disso, eles cobram acesso a tecnologias agroecológicas que não necessitem de agrotóxicos.

A marcha sairá do pavilhão de exposições do Parque da Cidade, às 7h. A previsão é que chegue às 9h à frente do Congresso, onde ocorrerá um ato público. Participam o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), a Federação Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras na Agricultura Familiar (Fetraf), o Movimento de Pequenos Agricultores (MPA), o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), o Instituto Socioambiental (ISA), o Greenpeace, o SOS Mata Atlântica e o Instituto de Estudos Socioeconômicos (Inesc), entre outros.

quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Ecossocialismo. Por uma ecologia socialista.

Por raquel  - Do Envolverde

Entrevista especial com Michael Löwy - Por Redação IHU

A crise ecológica abre a possibilidade para um novo projeto político, econômico e social: o ecossocialismo, defendido pelo sociólogo brasileiro, radicado na França, Michael Löwy. A ideia central da proposta é romper com o capitalismo e transformar as estruturas das forças produtivas e do aparelho produtivo. “Trata-se de destruir esse aparelho de Estado e criar um outro tipo de poder. Essa lógica tem que ser aplicada também ao aparelho produtivo: ele tem que ser, senão destruído, ao menos radicalmente transformado. Ele não pode ser simplesmente apropriado pelos trabalhadores, pelo proletariado e posto a trabalhar a seu serviço, mas precisa ser estruturalmente transformado”, esclarece.

Crítico ao capitalismo verde, que pretende transformar o capital e torná-lo menos agressivo ao meio ambiente, Löwy acredita que a crise ecológica é mais grave do que a econômica, pois “coloca em perigo a sobrevivência da vida humana neste planeta”. Em entrevista concedida à IHU On-Line por e-mail, ele enfatiza que é preciso reorganizar o modo de produção e consumo, atendendo “às necessidades reais da população e à defesa do equilíbrio ecológico”. As economias emergentes devem se desenvolver, mas não precisam “copiar o modelo de desenvolvimento capitalista do Ocidente”, aconselha. “Se trata de buscar um outro modelo, um desenvolvimento ecossocialista, baseado na agricultura orgânica dos camponeses e nas cooperativas agrárias, nos transportes coletivos, nas energias alternativas e na satisfação igualitária e democrática das necessidades sociais da grande maioria”.

Michael Löwy é cientista social e leciona na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, da Universidade de Paris. Entre sua vasta obra, destacamos Ideologias e Ciência Social. Elementos para uma análise marxista (São Paulo: Cortez, 1985); As aventuras de Karl Marx contra o Barão de Münchhausen (São Paulo: Cortez, 1998); A estrela da manhã. Surrealismo e marxismo (Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002); Walter Benjamin: Aviso de Incêndio. Uma leitura das teses “Sobre o conceito de história” (São Paulo: Boitempo, 2005) e Lucien Goldmann, ou a dialética da totalidade (São Paulo: Boitempo, 2005).

Confira a entrevista.

IHU On-Line – O que o senhor entende por ecossocialismo? Quais as ideias principais dessa corrente?

Michael Löwy – O ecossocialismo é uma proposta estratégica que resulta da convergência entre a reflexão ecológica e a reflexão socialista, a reflexão marxista. Existe hoje em escala mundial uma corrente ecossocialista: há um movimento ecossocialista internacional, que recentemente, por ocasião do Fórum Social Mundial de Belém (janeiro de 2009), publicou uma declaração sobre a mudança climática; e existe no Brasil uma rede ecossocialista que publicou também um manifesto, há alguns anos. Ao mesmo tempo, o ecossocialismo é uma reflexão crítica.

Em primeiro lugar, crítica à ecologia não socialista, à ecologia capitalista ou reformista, que considera possível reformar o capitalismo, desenvolver um capitalismo mais verde, mais respeitoso ao meio ambiente. Trata-se da crítica e da busca de superação dessa ecologia reformista, limitada, que não aceita a perspectiva socialista, que não se relaciona com o processo da luta de classes, que não coloca a questão da propriedade dos meios de produção. Mas o ecossocialismo é também uma crítica ao socialismo não ecológico, por exemplo, da União Soviética, onde a perspectiva socialista se perdeu rapidamente com o processo de burocratização e o resultado foi um processo de industrialização tremendamente destruidor do meio ambiente. Há outras experiências socialistas, porém, mais interessantes do ponto de vista ecológico – por exemplo, a experiência cubana (com todos seus limites).

O projeto ecossocialista implica uma reorganização do conjunto do modo de produção e de consumo, baseada em critérios exteriores ao mercado capitalista: as necessidades reais da população e a defesa do equilíbrio ecológico. Isto significa uma economia de transição ao socialismo, na qual a própria população – e não as leis do mercado ou um “burô político” autoritário – decide, num processo de planificação democrática, as prioridades e os investimentos. Esta transição conduziria não só a um novo modo de produção e a uma sociedade mais igualitária, mais solidária e mais democrática, mas também a um modo de vida alternativo, uma nova civilização, ecossocialista, mais além do reino do dinheiro, dos hábitos de consumo artificialmente induzidos pela publicidade, e da produção ao infinito de mercadorias inúteis.

IHU On-Line – Em que consiste o Manifesto Ecossocialista Internacional?

Michael Löwy – O Manifesto Ecossocialista Internacional, redigido em 2001 por Joel Kovel e por mim, foi uma primeira tentativa de resumir, em algumas páginas, as ideias principais do ecossocialismo, como projeto radicalmente anticapitalista e antiprodutivista, e como crítica às experiências socialistas não ecológicas do século XX.

IHU On-Line – A tentativa de aplicar o socialismo no mundo fracassou. Será possível vingar o ecossocialismo? Por quê?


Michael Löwy – As experiências de corte social-democrata fracassaram porque não sairam dos limites de uma gestão mais social do capitalismo e, nos últimos anos do neoliberalismo, as experiências de tipo soviético ou stalinista fracassaram por ausência de democracia, liberdade e auto-organização das classes oprimidas. As duas tinham em comum uma visão produtivista de exploração da natureza, com dramáticas consequências ecológicas.

O ecossocialismo parte de uma visão crítica destes fracassos e propõe um projeto democrático, libertário e ecológico. Nada garante que possa vingar. Depende das lutas ecossociais do futuro.

IHU On-Line – Sob quais aspectos a crise ecológica é mais grave do que a econômica?

Michael Löwy – A crise econômica tem consequências sociais dramáticas – desemprego, crise alimentar etc. –, mas a crise ecológica coloca em perigo a sobrevivência da vida humana neste planeta. O processo de mudança climática e aquecimento global, provocado pela lógica expansiva e destruidora do capitalismo, pode resultar, nas próximas décadas, numa catástrofe sem precedente na história da humanidade: desertificação das terras, desaparecimento da água potável, inundação das cidades marítimas pela subida do nível dos oceanos etc.

IHU On-Line – Como pensar em ecossocialismo se a Modernidade é capitalista? Seria o ecossocialismo uma proposta para romper com o capital?

Michael Löwy – Absolutamente! Uma das ideias fundamentais do ecossocialismo é a necessidade de uma ruptura com o capitalismo. Uma ruptura que vai mais além de uma mudança das relações de produção, das relações de propriedade. Trata-se de transformar a própria estrutura das forças produtivas, a estrutura do aparelho produtivo. Há que aplicar ao aparelho produtivo a mesma lógica que Marx aplicava ao aparelho de Estado a partir da experiência da Comuna de Paris, quando ele diz o seguinte: os trabalhadores não podem apropriar-se do aparelho de Estado burguês e usá-lo a serviço do proletariado; não é possível, porque o aparelho do Estado burguês nunca vai estar a serviço dos trabalhadores.

Então, trata-se de destruir esse aparelho de Estado e de criar um outro tipo de poder. Essa lógica tem que ser aplicada também ao aparelho produtivo: ele tem que ser, senão destruído, ao menos radicalmente transformado. Ele não pode ser simplesmente apropriado pelos trabalhadores, pelo proletariado e posto a trabalhar a seu serviço, mas precisa ser estruturalmente transformado. É impossível separar a ideia de socialismo, de uma nova sociedade, da ideia de novas fontes de energia, em particular do Sol – alguns ecossocialistas falam do comunismo solar, pois entre o calor, a energia do Sol e o socialismo e o comunismo haveria uma espécie de afinidade eletiva.

IHU On-Line – Como o ecossosialismo pode se sustentar em economias emergentes, que ainda não conquistaram um status de bem-estar social das economias desenvolvidas?

Michael Löwy – As economias dos países do Sul, da Ásia, África e América Latina devem se desenvolver, mas isto não significa copiar o modelo de desenvolvimento capitalista do Ocidente e seu padrão de consumo insustentável. Trata-se de buscar um outro modelo, um desenvolvimento ecossocialista, baseado na agricultura orgânica dos camponeses e nas cooperativas agrárias, nos transportes coletivos, nas energias alternativas e na satisfação igualitária e democrática das necessidades sociais da grande maioria. O modelo ocidental não so é absurdo e irracional, mas não é generalizável: se os chineses quisessem imitar o American way of life, cinco planetas seriam necessários.

IHU On-Line – A humanidade deve preocupar-se com o ecossocialismo ou com o capitalismo verde?

Michael Löwy – O capitalismo verde é uma contradição nos têrmos. A lógica intrinsecamente perversa do sistema capitalista, baseada na concorrência impiedosa, nas exigências de rentabilidade, na corrida pelo lucro rápido, é necessariamente destruidora do meio ambiente e responsável pela catastrófica mudança do clima. As pretensas soluções capitalistas como o etanol, o carro elétrico, a energia atômica, as bolsas de direitos de emissão são totalmente ilusórias.

Os acordos de Kyoto, a fórmula mais avançada até agora de capitalismo verde, demonstrou-se incapaz de conter o processo de mudança climática. As soluções que aceitam as regras do jogo capitalista, que se adaptam às regras do mercado, que aceitam a lógica de expansão infinita do capital, não são soluções, são incapazes de enfrentar a crise ambiental – uma crise que se transforma, devido à mudança climática, numa crise de sobrevivência da espécie humana. Como disse recentemente o secretário das Nações Unidas, Ban Ki Moon: “Estamos correndo para o abismo com os pés colados no acelerador”.

IHU On-Line – Em que sentido a crise ecológica atual pode ser entendida como um problema de luta de classes?

Michael Löwy – Por um lado, a crise ecológica é um problema de toda a humanidade, pessoas de várias classes sociais podem se mobilizar por esta causa. Por outro lado, as classes dominantes são cegadas por seus interesses imediatos, pensam exclusivamente em seus lucros, sua competitividade, suas partes de mercado e defendem, com unhas e dentes, o sistema capitalista responsavel pela crise. As classes subalternas, os trabalhadores da cidade e do campo, os desempregados, o pobretariado têm interesses conflitivos com o capitalismo e podem ser ganhos para o combate ecossocialista. Não se trata de um processo inevitável, mas de uma possibilidade histórica.

IHU On-Line – Nas últimas conferências do clima, em Copenhague e Cancun, os movimentos sociais e ambientalistas fracassaram? Por que não se vê perspectiva de avançar nas lutas ambientais?

Michael Löwy – O que fracassou em Copenhague e Cancun foram as políticas dos governos comprometidos com o sistema, que demonstraram sua total incapacidade de tomar qualquer decisão, mesmo a mais ínfima, no sentido de buscar reduzir significativamente as emissões de CO2, responsáveis pelo aquecimento global.

A manifestação de cem mil pessoas nas ruas de Copenhague nem 2009, protestando contra o fracasso da conferência oficial, com a palavra de ordem “Mudemos o sistema, não o clima”, é um primeiro passo, alentandor, no sentido de uma mobilização ecológica radical. Ainda estamos longe de ter uma luta ecológica planetária capaz de mudar a relação de forças e impor as drásticas mudanças necessárias. Mas esta é a única esperança de evitar a catástrofe anunciada.

IHU On-Line – Considerando o contexto de capitalismo exacerbado, acredita que as pessoas estão preparadas para o ecossocialismo?

Michael Löwy – Existe um sentimento anticapitalista difuso na América Latina, na Europa e em outras partes do mundo. O movimento altermundialista é uma das expressões disto. Por outro lado, cresce a consciência ecológica, a preocupação com as ameaças profundamente inquietantes que representa a mudança climática. Mas é no curso das lutas ecossociais contra as multinacionais destruidoras do meio ambiente e contra as políticas neoliberais que poderá surgir uma perspective ecossocialista. Não há nenhuma garantia; é apenas uma possibilidade, mas dela depende o futuro da vida neste planeta.

IHU On-Line – Qual é o papel das populações originárias como os indígenas e quilombolas na consolidação do ecossocialismo?

Michael Löwy – Em toda a América Latina – mas também na América do Norte e em outras regiões do mundo – as populações indígenas estão na primeira linha do combate à destruição capitalista do meio ambiente, em defesa da terra, dos rios, das florestas, contra as empresas mineiras, o agronegócio e outras manifestações da guerra do capital contra a natureza. Não por acaso os indígenas tiveram um papel determinante na organização da Conferência de Cochabamba em Defese da Mãe Terra e contra a Mudança Climática, em 2010, que contou com a participação de dezenas de milhares de delegados de comunidades indígenas e movimentos sociais. Temos muito a aprender com as comunidades indígenas, que representam outra visão da relação dos seres humanos com a natureza, totalmente oposta ao ethos explorador e destruidor do mercantilismo capitalista. Como diz nosso companheiro, o histórico lider indígena peruano Hugo Blanco: “Os indígenas já praticam o ecossocialismo há séculos.

(Envolverde/IHU On-Line)
http://www.envolverde.com.br/materia.php?cod=87208&edt=1

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

CONCURSO SOCIOAMBIENTAL “DENGUE E LIXO, DESARME ESTA BOMBA”

Sete Lagoas é uma das cidades mineiras que mais cresceu nos últimos anos. A instalação de grandes empresas como a Iveco, Ambev e Brennand, vem trazendo novas perspectivas de desenvolvimento, antes alicerçado na siderurgia. Com 220.000 habitantes, a cidade experimenta um novo boom econômico que fez com que a mesma alcançasse a 4ª. Posição no PIB estadual .

Este fato gera a necessidade de dar especial atenção, entre outras coisas, ao impacto que tal desenvolvimento imprime à cidade, sendo a gestão dos resíduos sólidos um dos mais importantes. No atual estágio de desenvolvimento, torna-se imprescindível que Sete Lagoas comece a definir uma política neste setor sob pena de, em estágio de crescimento mais avançado, encontrar desafios maiores, e, por isto, mais caros, ou mesmo intransponíveis. Ademais, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em agosto de 2010, estabelece um prazo até 2014 para que os municípios se ajustem à nova legislação.
O lixo, além de refletir a cultura do desperdício nacional, sem os reaproveitamentos de diversas matérias primas úteis, constitui a causa ou contribui para diversas doenças urbanas, com impacto significativo na saúde da população. Uma delas , a proliferação do mosquito Aedes aegypti, responsável pela transmissão da dengue,tem se tornado um flagelo em diversas regiões do Brasil, principalmente nos período chuvosos. Em Sete Lagoas, diversas regiões vêm apresentando índices alarmantes de infestação, com o Índice de Infestação Predial (IIP) chegando a 4.0, sendo que em alguns bairros este índice chega a 12.0, o que sinaliza para risco de surto epidêmico.
Cientes da necessidade de levar ao debate público as diretrizes da Política Nacional de Resíduos Sólidos, como contribuição para sua implantação em Sete Lagoas, e aproveitando este momento crítico do aumento dos focos de Aedes aegypti no município, o blog DENGUELIXO vem para cumprir o papel de instigar esta discussão. Afinal, como cidadãos, mais do que um direito, temos o dever de exercer a voz crítica, opinativa, em prol da nossa cidade. Acompanhe.
http://denguelixo.wordpress.com/