quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Por quais caminhos o Meliponário Didático-Científico da UFPR Litoral irá trilhar?

A adesão, por parte de uma comunidade, de práticas não usuais em sua cultura, em seus costumes, depende fortemente de vinculos construídos. Esses vinculos se dão de diferentes formas. Podem ser os vinculos institucionais, a partir de uma extensa rede de atores sociais, constituindo diferentes agendas. Também podem ser os vínculos entre produtores, a partir do interesse econômico, estruturando seu associativismo. Mas é no vínculo afetivo que o papel do projeto Meliponário Didático-Científico mostra sua força. A criação de um novo agir, a partir da compreensão sobre o papel das abelhas nativas na vida de cada sujeito, reforça uma percepção ampliada sobre o papel de cada um como cidadão e sua participação no meio em que vive. É um processo educativo, portanto lento, gradual, que expõe olhares sobre lentes ainda não bem percebidas. E é na criança que esses ideiais podem gerar os melhores frutos, ou talvez, os mais bem polinizados. É a partir de um processo ditado pela educação ambiental e que traz os elos possíveis para uma geração que nasce dentro uma região propícia para o "inédito viável". O litoral do Paraná, região repleta de unidades de conservação, com a maior área contínua de Mata Atlântica do Brasil, expõe riqueza natural singular, mas evidentes abismos sociais. Entender como práticas sustentáveis podem ser viáveis é entender como é possível conceber uma nova forma de desenvolvimento de uma região.

O projeto segue seus objetivos, portanto, aproximando os vínculos. Mas age como em um processo de catálise, organizando e coordenando verdadeiras reações químicas para um produto comum, que no caso é o fortalecimento da meliponicultura.
Atualmente, o projeto conta com a parceria com a Secretaria de Educação de Morretes, para constituir uma agenda de trabalho em algumas escolas rurais do município. Tal agenda inicia com atividades lúdicas, criadas pela equipe do programa Laboratório Móvel, como o Gaia (teatro de bonecos), grupo de teatro e atividades construidas pelos estagiários do projeto. Tal movimento acontecerá na escola, como acontecerá no Meliponário Didático-Científico, na sede da UFPR Litoral. Desse primeiro movimento, o produto esperado é um material didático a ser desenvolvido para as escolas de ensino fundamental. Em um segundo momento, a escola poderá manifestar interesse em adquirir um mini-meliponário, com caixas racionais cedidas pela Prefeitura e a manutenção inicial realizada pela equipe do projeto.
O produto esperado dessa etapa é a manutenção do meliponário com os cuidados desempenhados por professores, estudantes e funcionários da escola, bem como o desenvolvimento de temas geradores a partir do tema das abelhas nativas.
Em um processo híbrido de evolução de atividades, parte do material produzido pelo meliponário é estudado por dois projetos de pesquisa da UFPR Litoral:
- A meliponicultura no litoral do Paraná: diagnóstico, ecologia e prospecção de biomoléculas.
- Determinação da composição de flavonóides no mel produzido por abelhas nativas do bioma Mata Atlântica no litoral do Paraná.


O Meliponário Didático-Científico representa, portanto, uma espiral continua de alimentação de diferentes formas de conhecimento, que são difundidos para a população da região a partir das atividades do programa Laboratório Móvel.

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